quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Suzano no Maranhão e Piaui


O agravamento da crise econômica poderá ser o estopim de um movimento que já havia sido ventilado pela indústria brasileira de celulose e papel: o adiamento de uma ou mais novas fábricas da matéria-prima, com o objetivo de dar cadência à entrada de novos volumes no mercado e evitar impacto mais drástico nos preços.
Neste momento, são dez os projetos de expansão pré-anunciados e há dúvidas se Suzano Papel e Celulose e Fibria vão iniciar novas operações em 2013 e 2014, respectivamente. Mas é tido como certa a partida da fábrica da Eldorado Brasil, produtora de celulose controlada pela J&F, holding do frigorífico JBS Friboi, em 2013.
Até o início do ano, a previsão era a de que o país receberia US$ 15 bilhões em investimentos em cinco anos. Em 10 anos, a capacidade de produção nacional de celulose passaria de 14 milhões de toneladas para 22 milhões de toneladas. "Se a crise econômica se estender até 2014, os investimentos serão melhor distribuídos no tempo", disse a presidente da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), Elizabeth de Carvalhaes.
Tanto na Fibria quanto na Suzano não há decisão sobre adiamento de projetos. A direção de ambas as companhias reforça a intenção de iniciar novas operações nos prazos anunciados, porém admite que poderia revisá-los caso o cenário macroeconômico seja mais adverso do que o esperado. Cenibra, Celulose Rio-Grandense (controlada pela chilena CMPC), Veracel (joint venture entre Fibria e Stora Enso), Arauco, Stora Enso (no Uruguai) e Klabin completam a lista das companhias que anunciaram projetos ou planos de investimento nos próximos anos.
Resultante da fusão entre Votorantim Celulose e Papel (VCP) e Aracruz, a Fibria segue na ampliação da base florestal de Três Lagoas (MS), com o objetivo de iniciar a produção da nova linha naquela unidade, de 1,5 milhão de toneladas por ano de capacidade, em 2014. "Estaremos prontos para iniciar a operação em outubro de 2014. Se naquele momento o cenário indicar que o investimento não é viável, então veremos o que fazer", diz o presidente da Fibria, Marcelo Castelli.
NO PIAUÍ
Já a Suzano, a produtora de celulose controlada pela família Feffer, alterou o cronograma de duas novas fábricas, no Maranhão e Piauí. A primeira, cujo início de atividades havia sido antecipado em seis meses, voltou ao prazo original e deve partir em novembro de 2013. A segunda ficou para 2016.
Para Marcos Assumpção, especialista do Itaú BBA na área de celulose e papel, "dificilmente os projetos sairão do papel como estão anunciados". "Se isso acontecer, será muito negativo para os preços da celulose", disse o analista, que participou de congresso promovido pela consultoria independente RISI em São Paulo. Segundo ele, o valor investido por tonelada de celulose que será produzida está hoje 60% mais alto do que o verificado à época da construção da Veracel no sul da Bahia, o que torna cada vez mais difícil e cara a execução de novos projetos nessa área. Assumpção destacou ainda que uma nova rodada de consolidação seria benéfica para a indústria brasileira, embora não vislumbre, neste momento, alguma possibilidade de fusão ou aquisição no país. "No longo prazo, sim", acrescentou.(Valor)

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