quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Monocultivos de árvores em grande escala para energia em grande escala: uma nova ameaça a comunicades e florestas


31/01/2013 - World Rainforest Movement - Uruguay
A nova tendência: bioenergia em grande escala a partir de biomassa de madeira

Neste número, analisamos a geração de energia em grande escala a partir da biomassa de madeira.  Trata-se de uma nova tendência na qual, principalmente na União Europeia, usa-se mais madeira para alcançar os objetivos de uso da "energia renovável".

O que se quis apresentar como um aproveitamento amigável de resíduos de madeira em pouco tempo se revelou mais um processo em grande escala, que requer um consumo crescente de madeira, fazendo surgir novas commodities para o mercado de energia, como os cavacos (chips) e os granulados (pellets).

Até agora, essa demanda foi abastecida principalmente pela América do Norte (Estados Unidos e Canadá), mas os dados indicam que, assim como os agrocombustíveis, a geração de energia a partir de biomassa de madeira, em um modelo imutável de produção e consumo, leva a uma expansão dos monocultivos no Sul global, desta vez, de árvores como eucaliptos de rápido crescimento.

O Movimento Mundial de Florestas Tropicais (WRM) produziu o relatório "Plantações de árvores no Sul para gerar energia no Norte: uma nova ameaça para comunidades e florestas", que publicará em breve em inglês, castelhano, português e francês.

Além de apresentar o tema, o relatório aporta dados sobre a promoção da bioenergia na Europa e cita projetos de biomassa em grande escala em alguns países europeus, como usinas no Reino Unido, o uso de biomassa na Alemanha, a maior plantação europeia de árvores para esse fim na Polônia, as projeções da Finlândia, a demanda potencial de países como Japão, Coreia do Sul e China, e dos Estados Unidos.  Mas também fala da oposição crescente, especialmente no Reino Unido, nos Estados Unidos e na Austrália, em alguns casos, liderada por grupos comunitários preocupados com os graves impactos sobre a saúde pública das usinas de energia a partir de biomassa, já que provocam altos níveis de contaminação do ar,parecidos aos que provocam as usinas de carvão mineral.  Em vários casos, os grupos comunitários também se informaram sobre os graves impactos que elas geram sobre as florestas, a terra e a mudança climática, e se uniram a outras campanhas nacionais e locais.  A oposição cidadã conseguiu que fossem rejeitadas várias solicitações para a construção de centrais.

Sabendo da importância de fortalecer as lutas e alianças para deter essa tendência que resulta em tantos impactos negativos, o relatório do WRM espera gerar consciência entre organizações no Sul e no Norte com relação a esse novo problema, e o presente boletim constitui uma prévia do referido relatório, no qual se poderá encontrar um aprofundamento maior do tema, bem como todas as fontes do documento.

MOVIMENTO MUNDIAL PELAS FLORESTAS TROPICAIS Número 186 - Janeiro 2013

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A RESISTÊNCIAS DOS BACURIS EM MEIO AOS IMENSOS CAMPOS DE EUCALIPTOS; PLANOS DE IMCOMPARÁVEIS LUCROS ESTRANGEIROS DA EMPRESA SUZANO PAPEL E CELULOSE NO MUNICIPIO DE URBANO SANTOS-MA.






O plantio de eucalipto da “Empresa Suzano Papel e Celulose” é um dos maiores problemas no que diz respeito ao impacto ambiental no Município de Urbano Santos e outras regiões do Baixo Parnaíba Maranhense. Um projeto de agro-negócio sem nenhum retorno aos trabalhadores e trabalhadoras rurais, verdadeiros donos culturais que desde tempos bem remotos vem sobrevivendo dos recursos naturais que a terra, as águas e o cerrado oferecem para as suas sobrevivências. A economia familiar e o desenvolvimento sustentável rural são propostas que há tempos os camponeses vem clamando em vários encontros de comunidades, seminários e congressos de trabalhadores rurais nesta região. Quem de fato conhece a história destes municípios afetados pelo impacto do eucalipto e a soja, sabe da luta renhida que sempre vai ser travada enquanto houver eucalipto e outras monoculturas beneficiadoras de grupos que se quer sabem da verdadeira luta dos povos desta região rica em matérias primas e invadida por grupos empresários de interesses próprios. Nesse sentido o que se ver agora é o desrespeitos aos direitos humanos e da vida... ribeirinhos, caboclos, quilombolas e todas as comunidades tradicionais já foram vítimas de algum desacato, seja ele moral, pessoal ou psicológico, onde vale a pena citar os casos dos Povoados: Bracinho e São Raimundo,  em que essas comunidades cientes de seus direitos, mantiveram então a resistência contra esse impacto, que vem causando e, causaria ainda mais mudanças no meio ambiente, ,contrariando um todo processo dos seus ancestrais, repercutindo no modo de vida das futuras gerações destes povoados. Um exemplo a ser seguido.
Quem já viajou passando pelos povoados de Baixa do Cocal, Santana e Ingá... sentido Estiva da Mangabeira e Boa União, se depara principalmente no Povoado Ingá com infinitos campos de eucaliptos e alguns pezinhos de bacuris no meio desses campos. Percebemos então que a empresa deixa alguns poucos pés para dá a impressão de que estão fazendo algo para preservar. Na verdade isso não passa de uma farça, pois o EA RIMA “Estudo de Impacto Ambiental” nunca funcionou na prática, as chamadas áreas de reservas ecológicas também é só no papel. Pois coisas piores acontecem com a natureza... com as árvores do cerrado e das chapadas dessa região. Os correntões por exemplo quando passam   não deixam nada, levam tudo até animais que indefesos procuram abrigo e não acham. Os campos de eucaliptos na Baixa do Cocal Santana e Ingá parecem mais com um mar verde, um verdadeiro atraso para a economia familiar, pois além da empresa devastar a floresta... o cerrado e as chapadas que não faz mal a ninguém... ela causa mais um novo fenômeno chamado de “êxodo animal”- onde os animais silvestres como cotia, veado, tatu, peba, preguiças e muitos outros típicos desta região, esses animais sem ter para onde ir são obrigados a fugir de seu habitat natural a procura de  outros lugares mais calmo, sendo vítimas até mesmo de acidentes nos caminhos que ligam estes povoados. Mas não basta citar apenas isso, pois ainda aplicam produtos tóxicos maltratando direto e indiretamente não apenas os animais importantes para o equilíbrio da natureza, mas também as pessoas que por ali moram. O veneno polui o meio ambiente indefeso, mata e destrói a natureza. As comunidades tradicionais ainda passam por situações de desacato aos direitos patrimoniais onde pode-se exemplificar a questão dos cemitérios cercados por grandes campos de eucaliptos,  pois a maioria dos cemitérios desta região são localizados nas chapadas e, sem nenhum grau de respeitos aos ancestrais e ao modo cultural da comunidade, o projeto empresarial e os grupos dos chamados gaúchos passam arame em suas áreas demarcando tudo inclusive adentrando nos centenários cemitérios das comunidades e nascentes de rios e riachos.
O Baixo Parnaíba – localizado na Região do Leste Maranhense, remonta uma história rica em acontecimentos envolvendo as relações sociais, culturais e de consumo do povo que nela habita. Era no inicio de tudo habitada pelos Índios Tremebés. Depois de muito tempo veio a migração de cearenses, piauienses e povos de outros estados do Nordeste brasileiro. Formando então nesse espaço geográfico as suas famílias e desenvolvendo seu próprio modo de vida baseando-se principalmente no manejo da agricultura familiar. Vale ressaltar de que o Baixo Parnaíba já recebeu durante toda sua trajetória das resistências e conflitos agrários, muitos grupos de pesquisadores, remontando então uma narrativa pouca conhecida dos principais acontecimentos políticos no campo, uma página importante da história do Brasil. Uma região totalmente agrária, rica em matérias primas, tanto no cerrado, quanto nos brejais e alagados. Esse espaço composto por vinte e um municípios incluindo Urbano Santos a partir do final dos anos setenta foi cobiçado por grupos empresários vindos do sul e sudeste do país. A Suzano Papel e Celulose, antiga Empresa Florestal chegou na região por volta do inicio dos anos oitenta com o propósito de comprar terras e plantar eucalipto em larga escala. De lá pra cá muitos problemas tem se arrastado entre esta empresa e o movimento social defensor dos direitos humanos e da vida. Junto a ela veio as empresas terceirizadas que no inicio dos anos noventa implantaram fornos de carvão vegetal, uma delas chamada “Maflora” foi a responsável nesse período por grandes devastações das chapadas e pela contratação dos trabalhadores assalariados rurais para a realização do serviço, parecido com o trabalho escravo, esses trabalhadores sem perspectivas de vida, eram obrigados a trabalhar de sol a sol para manter o sustento de suas famílias. Pois esses camponeses quase sempre moradores nas localidades de implantação dos fornos eram quem faziam todo serviço braçal sem nenhum equipamento de proteção evitando perigos de acidentes no trabalho. Um fato muitíssimo importante de levante em defesa do meio ambiente encabeçado pelo movimento social das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) da
Igreja Católica, foi  o do Povoado Juçaral, onde a comunidade se sentindo ameaçada foi para cima tentando barrar a produção de carvão vegetal e a derrubada das chapadas onde a própria comunidade tirava seu sustendo no extrativismo do BACURI e PEQUI, essa ação ousada nos Povoados “Juçaral e Todos os Santos” talvez tenha sido a porta protagonista de entrada do Movimento Social em se importar com aquilo que de fato é errado. Isso foi apenas um dos vários casos de atrito entre a empresa e o movimento social que de certo inspirou outras comunidades a provarem dessa experiencia.
Como já tinha sido mencionado anteriormente, esta região já recebeu muitos pesquisadores procurando saber o processo histórico e das relações sociais e sócio-econômicas diante do projeto “Campesinato e Crise Ecológica” – tratando então da luta dos camponeses em defesa dos seus direitos de posse da terra e o acelerado avanço do eucalipto e da soja, significando na verdade uma grave ameaça às famílias tradicionais destes lugarejos que usam a terra e os produtos naturais para sobreviverem. Pois o resumo de todo um projeto lucrativo desta empresa  chaga-se a um denominador comum que se resume na derrubada dos bacurizeiros, cercamento de amplas áreas do cerrado e ainda na extinção e desaparecimentos de nascentes e espécies animais e vegetais e sobretudo a supressão dos recursos hídricos da região, onde vale a pena exemplificar o “DESAPARECIMENTO DO RIO CHIBÉU no Povoado Todos os Santos”, causado pelo avanço direto da plantação de eucalipto em suas margens e nascente... contatou a ciência. Os problemas não estão apenas nesses povoados citados, mas em grande parte onde a empresa opera com seus maquinários e violência, assim criando uma situação de vulnerabilidade desses órgãos familiares e patriarcal, já que diretamente as atinge em seu seio de organização social e econômica a respeito de uma toda história feliz quando viviam em plena liberdade, caçando, plantando, pescando e colhendo os pequis e bacuris nas chapadas, sem falar nas tantas circunstancias de medo e pressão psicológica da violência simbólica a que os nossos camponeses são submetidos, tudo isso fruto de uma ação devastadora e de interesses próprios. Prejudicando e atrasando sobretudo as ações das associações de moradores destes povoados que há tempos lutam pelas titulações, desapropriações e regularizações de suas terras.
O impacto ambiental é um quadro de vertentes sem retorno ao tão sonhado DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL RURAL E SOLIDÁRIO, lembrado sempre nos vários acontecimentos de estudos organizados pelos nossos TRABALHADORES E TRABALHADORAS RURAIS e as entidades de defesa dos direitos humanos. Pois a classe dos camponeses ainda tem muito que conquistar... os índices apontam que 80% dos recursos federais anualmente são destinados ao agro-negócio e a monocultura no país, onde apenas 16% são dirigidos à agricultura familiar, sendo que os estudos de pesquisa justificam com provas de que é a agricultura familiar quem assegura o mercado nacional de alimentos. Tudo isso nos faz refletir que em meio a globalização e toda essa política de economia verde ainda tem pessoas que defende os setores que agride a Mãe Natureza.
Viva a luta e a organização dos camponeses do Baixo Parnaíba Maranhense na defesa engajada do meio ambiente, em especial ao Movimento Social Campesino e a Caravana dos Direitos Humanos do Município de Urbano Santos-MA.

     VIVA A RESISTENCIA DOS BACURIS DE NOSSAS CHAPADAS!
José Antonio Basto
Poeta , escritor e militante das Caravanas dos Direitos Humanos e da Vida no  Baixo Parnaíba  Maranhense.                    E-mail: Bastosandero65@gmail.com