segunda-feira, 18 de março de 2013

Aliança entre capital internacional e elite nacional


Submisso aos interesses internacionais, representantes do agronegócio de Tocantins trabalharam como intermediários dos grandes projetos na região
13/03/2013

Marcio Zonta,
enviado a Palmas (TO)


   
   
Camponesas na luta contra o avanço do capital internacional sobre o
campo brasileiro - Foto: Marcelo Cruz
Especialistas no assunto têm apontado a ruralista Kátia Abreu como um exemplo da burguesia nacional agrária que trabalha como intermediária dos grandes projetos do capital internacional, incentivando seu avanço sobre o campo brasileiro.
Para o historiador e pesquisador do agronegócio na região de Araguaia (TO) Paulo Henrique Costa Mattos, da Universidade Federal de Tocantins, “o apoio das burguesias rurais ou industriais advém da incapacidade de fazer frente à avassaladora onda de capitais, tecnologias e financeirização que chega ao campo dos países subdesenvolvidos”.
A trama envolvente entre elite agrária nacional e as empresas transnacionais evidencia esse processo. “Quando os grandes ruralistas vão plantar e colher, geralmente têm que usar máquinas e equipamentos da New Holland, Massey Fergusson, Caterpillar, John Deer, Valmet, Estil, Husqvarna e etc. Nenhuma dessas empresas é nacional”, apresenta o professor.
Além disso, existe uma relação contínua na colheita e no armazenamento. “Os grãos são protegidos sob lonas da japonesa Sansuy. Em seguida, vêm o transporte em caminhões da estadunidense Ford, as alemãs Volkswagen e Mercedes, a italiana Fiat, as suecas Volvo e Scania”.
O estreitamento com a China também vem sendo trabalhado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) desde a abertura do escritório da entidade ruralista em Pequim, no fim de 2012.
Os objetivos propostos pela entidade presidida por senadora Kátia Abreu são atrair investimentos públicos e privados da China para a infraestrutura do país, em especial para logística de transporte e armazenagem da produção.
No Tocantins, Siqueira Campos tem conversado com o Banco de Desenvolvimento da China (BDC) na tentativa de fazer cooperação entre o empresariado local, o governo e o capital chinês.
“Os chineses demonstram interesse em fazer cooperação com empresários e com o governo do Tocantins que, por sua logística, permite baratear o custo das exportações brasileiras, com o corredor de exportação Norte-Sul”, declarou recentemente Siqueira.
“Aí está o sinal de que, em breve, também os chineses virão se servir desse mercado rodoviário, já que é através dele que se escoa a produção dos commodities agrícolas”, conclui o historiador.
Além de toda essa orquestração, é de autoria do Partido Social Democrático (PSD), de Kátia Abreu, um projeto de decreto legislativo que objetiva acabar com a rotulagem de transgênicos. “No Brasil, o agronegócio conta com uma poderosa bancada ruralista no Congresso Nacional para assegurar projetos de leis com seus interesses e barrar tudo aquilo que possa contrariar o avanço do capitalismo no campo”, acusa Mattos.

Monocultivos
Aproximadamente 72,3% da exportação de Tocantins é soja em grão e cerca de 24, 4% de carne bovina desossada, fresca e congelada. Conforme estimativa da Secretaria de Agricultura de Tocantins, a produção de soja na safra 2010/2011 superou a faixa de 1,2 milhões de toneladas. Para 2102/2103 é esperado um crescimento superior a 10%, colocando o estado como um dos grandes produtores do agronegócio brasileiro.
Outro monocultivo que vem sendo gradativamente implantado, sobretudo nas propriedades rurais da senadora Kátia Abreu, é o eucalipto. Segundo dados da Secretaria de Agricultura do estado, o ano de 2012 contabilizou 197,4 mil hectares de plantio da espécie.
Se persistir o ritmo de crescimento da plantação de eucalipto no estado, há projeções para 2016 de uma área de 530 mil hectares utilizados para a produção.
brasil de fato

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