quarta-feira, 26 de março de 2014

Impactos da Transnordestina e produção de placas de gesso são pauta de debate na Rota Edmilson Torres


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Foto: Elka Macedo
Foto: Elka Macedo
No segundo dia da Caravana Agroecológica e Cultural das Juventudes do Nordeste, os/as cerca de 120 jovens se dividiram em cinco rotas para conhecer experiências agroecológicas e as lutas das comunidades que estão sofrendo diretamente os impactos de grandes obras e do agronegócio. Neste sentido, na Rota Edmilson Torres um grupo pode conhecer e debater com as famílias da Abóbora e Agrovila Algodões no município de Trindade-PE, a relação deles com a transnordetina e o polo gesseiro.

Com a obra da Transnordestina passando a 8 metros de casa, Roselia Lopes Santos sofre de perto os conflitos da obra que está parada a mais de um ano, segundo a moradora. A ferrovia que está sendo construída para ligar o Porto de Pecém, no Ceará, ao Porto de Suape, em Pernambuco, além do cerrado do Piauí, no município de Eliseu Martins tem impactado na vida das cerca de 60 famílias agricultoras da comunidade de Abóbora. Entre as consequências relatadas pelos moradores estão rachaduras nas casas, devastação de áreas preservadas e agricultáveis das famílias, extinção de animais silvestres e problemas respiratórios devido à poeira.
“A gente sempre trabalhou na agricultura. Aqui a gente trabalhava em 2011 com verduras e carne de carneiro vendendo para a merenda escolar. Tudo era produzido aqui na comunidade. Hoje, a gente não sabe o que nossos filhos estão comendo porque antes era produzido por nós, sem veneno, e depois dessa linha do trem as nossas plantações passaram a ser usadas como banheiro”, denuncia a agricultora Roselia Lopes, cujo maior desejo hoje é construir sua casa longe da obra.
Já na Agrovila Algodões, embora prejudicial, o gesso é fonte de renda para as famílias que residem na localidade. “É uma fonte de renda, mas não deixa de ter um impacto. Primeiro não existe mais mata porque precisa queimar lenha pra produzir, segundo a questão do resíduo que tem que adquirir para ser produzido o gesso e esse fica todo na terra. Ai quem tem um barreiro ou uma roça perto, se cair o pó de gesso a água não serve pra nada porque tem muito produto químico como glicerina e óleo diesel”, afirma Seu Antonio Honorino da Silva, um dos fundadores da comunidade.
Seu Honorino sente ainda, pelo açude da comunidade que tem água, mas que não pode ser consumida pela existência do resíduo do gesso. Além da produção de placas de gesso, as famílias da agrovila plantam hortaliças e fruteiras em seus quintais, plantam milho e feijão e criam pequenos animais como porcos e galinhas. O Grupo de mulheres lembra que antes da estiagem prolongada conseguiam produzir hortaliças suficientes para consumir e comercializar na feira agroecológica da cidade.
Em meio a estes cenários o grupo de jovens formados por pessoas dos estados do Ceará, Pernambuco, Maranhão, Paraíba e Bahia trocaram experiências e relataram as dificuldades que enfrentam em suas comunidades, a exemplo da hidrelétrica de Belo Monte que tem envolvido comunidades do Maranhão e a estiagem prolongada que afetou todos os estados.

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