sexta-feira, 6 de junho de 2014

Suzano compra fundo para reduzir dívida

Rio - Dentro de uma estratégia de desalavancagem financeira, a fabricante brasileira de papel e celulose Suzano anunciou quarta-feira a compra de 100% das cotas do Fundo Vale Florestar, cujos ativos somam 45 mil hectares de florestas de eucalipto no Pará. Com a aquisição, a Suzano — que já tinha contrato assinado com o Vale Florestar até 2028 — adquire não só a madeira plantada na região mas também contratos de arrendamento, sem imobilizar recursos em terras. Em termos financeiros, a principal vantagem da operação é a diluição num prazo maior de pagamentos que seriam realizados num horizonte de tempo mais curto.
“Conseguimos a extensão do prazo médio de aquisição desta madeira”, disse ontem o presidente da Suzano, Walter Schalka, numa teleconferência com jornalistas, referindo-se à matéria-prima produzida na área do Florestar. Na situação anterior, o prazo médio de pagamento da madeira era de três anos. Com a aquisição do fundo, a Suzano diluirá seus gastos num total médio de 12 anos. “Apesar do alto endividamento da companhia, a mesma pagará o montante em parcelas anuais num prazo entre dez e 15 anos, reduzindo o dispêndio de capital no curto prazo”, avaliou a corretora XP Investimentos em relatório matinal enviado quarta-feira a clientes.
Ainda sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a operação prevê o pagamento pela Suzano de R$ 528,9 milhões em parcelas anuais. As dez primeiras terão valor similar, em torno de R$ 45 milhões. O restante dos pagamentos terá valor decrescente. Além da Vale, também são cotistas do fundo a BNDESPar e os fundos de pensão dos empregados da Caixa Econômica Federal (Funcef) e da Petrobras (Petros). A Vale informou que vai receber R$ 205 milhões como resultado da venda de sua participação no fundo. Além dos 45 mil hectares de florestas de eucalipto, o acordo inclui 95 mil hectares de mata nativa que estavam sob tutela da Vale e deverão ser preservados pela Suzano.
A madeira produzida pelo Vale Florestar é essencial para o abastecimento da fábrica da Suzano em Imperatriz (MA). Segundo explicou Schalka, um terço da matéria-prima que alimentará a unidade terá como origem florestas próprias e contratos de arrendamento. Outro terço será constituído por madeira do Vale Florestar. O restante virá da compra de madeira na região. “Temos como objetivo reduzir a distância média das nossas florestas até as nossas operações industriais”, ressaltou o presidente da Suzano, numa menção à possibilidade de novas aquisições do tipo.
Atualmente em fase inicial de produção, a unidade do Maranhão terá capacidade para fabricar 1,5 milhão de toneladas por ano quando estiver operando plenamente. A tendência é de que essa ampliação gere caixa suficiente para acelerar o processo de redução da alavancagem financeira da empresa. Entre as principais companhias brasileiras do setor de papel e celulose, a Suzano é a que possui a mais alta relação entre dívida líquida e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização): 4,6 vezes, conforme indicam os números referentes ao primeiro trimestre deste ano. A companhia fechou março com dívida líquida de R$ 9,36 bilhões, um aumento de R$ 2,57 bilhões em relação aos três primeiros meses de 2013.
Duas outras gigantes do setor, Klabin e Fibria apresentaram nos primeiros três meses deste ano resultados expressivos em termos de redução da alavancagem financeira. A relação dívida líquida/Ebitda da Klabin caiu de 2,6 vezes (no último trimestre de 2013) para 1,7 (primeiros três meses deste ano). No mesmo período, os resultados financeiros da Fibria mostram que esse indicador passou de 2,8 vezes para 2,4. “A busca por mais competitividade e pela redução no endividamento tem sido o foco da companhia e vai continuar a ser em 2014”, concluiu Schalka.
brasileconomico

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