segunda-feira, 28 de julho de 2014

CPT/MA organiza passeata em memória do martírio do lider camponês Raimundo Brechó






Em 24 de julho, a CPT/MA e vinte comunidades tradicionais de todo o Maranhão realizaram passeata na cidade de Timbiras, região dos Cocais Maranhense, em memória do martírio do líder Camponês Raimundo Brechó, morto em fevereiro deste ano.
Durante toda a caminhada, que parou a cidade de Timbiras, lideranças rurais, sindicalistas, ativistas dos direitos humanos e religiosos lembraram da trajetória de vida de Brechó e sua coragem para enfrentar o latifúndio.
Quando a passeata chegou na porta da Delegacia de Timbiras, o clamor por justiça e pelo fim da impunidade ecoou em toda a região. Passados 4 meses da morte de Brechó, o Inquérito Policial que trata de seu assassinato nunca foi concluído. De acordo com Antonia Calixto, coordenadora da CPT do Maranhão, a morte de Brechó não poderá residir na sombra da impunidade. Ela lembrou que mais de 5 lavradores foram executados na Diocese de Coroatá, sem que houvesse julgamento dos mandantes.
Depois da manifestação, o delegado titular de Timbiras atendeu uma comissão formada por representantes da CPT, SINTRAF e da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MA e garantiu que o inquérito será remetido ao Poder Judiciário esta semana.

Promessas não cumpridas pelo INCRA Maranhão
O INCRA tem parcela de culpa  no assassinato de Brechó. O processo de desapropriação do latifúndio improdutivo, com mais de 14 mil hectares, pertencente à tradicional família Alvim, está parado há 14 anos. Em março deste ano,  após reunião que contou com a presença do ex-superintendente do órgão, José Inácio Sodré, hoje candidato a deputado estadual pelo PT, este garantiu que até junho deste ano a vistoria seria realizada. Contudo, segundo recente informação do setor de obtenção de terras, o INCRA no Maranhão não tem sequer recurso de diária para garantir deslocamento de servidores até o território Campestre.
Mais conflitos
Em razão da omissão do INCRA, os conflitos na região de Campestre se multiplicaram. Vários são os criadores de gado bovino que invadem o território e criam animais soltos, que destroem os diversos plantios comunitários. Além, a abertura da pastagem tem destruído enorme porções da mata dos cocais, bioma tipicamente maranhense. Mais recentemente, a Câmara Municipal de Timbiras pôs em pauta a alteração do Código de Postura do Município, visando permitir a criação de gado bovino solto e a obrigar os lavradores a cercar suas roças, num claro retrocesso que colidirá com normas de convívio social estabelecidas pelo campesinato timbirense há gerações (animais presos e roça no aberto).

 cpt 

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