domingo, 31 de agosto de 2014

A soja e o Cerrado em Buriti



Por desconhecerem algum outro caminho para o povoado Carrancas, eles rumaram direto para a cidade de Buriti.  Nesse percurso, entre a Palestina, município de Brejo, e Buriti, a realidade dissolvia-se em campos intermináveis de soja e fragmentos de Cerrado. Eles mal dispunham do dinheiro para a gasolina e para as refeições. Assim, transcorriam as viagens e os rumores pelo Baixo Parnaiba maranhense.  As viagens correm para um lado e os rumores correm em sentido contrário. O Vicente de Paula ouvia rumores de que o André Introvini, plantador de soja e proprietário da fazenda São Bernardo, preparava seus tratores para desmatar a área em frente a sua. Ele fizera negócio nessa área com o tio de Vicente, o Adão, depois que a comunidade de Carrancas bloqueara os seus tratores. O Adão trocou sua área de Chapada por uma área de Baixo que o André comprara baratinho. Adivinha quem saiu ganhando com o negócio. Desde então, o André peleja para esvaziar os 110 hectares de sua vegetação única de Cerrado Amazônico em Buriti. Os bacurizeiros se distribuem por esses 110 hectares e, na época, isso empatou o desmatamento, segundo o Vicente de Paula. Quem diz que esse revés refreou o André em seus projetos de alargar a fazenda São Bernardo em mais hectares? Ele liberou alguém para cortar os bacurizeiros. Dessa forma, a densidade de bacurizeiros por hectare diminui o que facilita a liberação do desmatamento. Vicente de Paula e família decidiram pela única solução capaz de barrar qualquer projeto que acarrete desmatamento nessa parte da Chapada. A Raimunda, filha do Vicente, resolveu construir a sua casa nos 110 hectares. Aos pouquinhos, eles juntaram o material de construção. O André enviou emissários que deram o seguinte recado: caso prosseguissem, ele mandaria a policia para derrubar a casa. Eles continuaram a construção e o próprio André apareceu na casa do Vicente. Ele disse que considerava Vicente o seu pior inimigo e que traria o delegado de Buriti. Por enquanto, ele não cumpriu a ameaça. 
Mayron Régis

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