quarta-feira, 15 de junho de 2016

A logica nao predomina sobre o sertao

“Escrever é uma infâmia.” A frase fez falta. Tanto fez falta que ela retornou. A razão do retorno ou do eterno retorno: as cartas de Mario de Andrade para Carlos Drummond de Andrade. Perdera a oportunidade de comprar o livro em uma loja do aeroporto. Pediu a um amigo a compra desse livro pela internet.   O que o induzia à compra senão o fato de que se tratava de cartas. Por que perder tempo com cartas? Seria mais lógico ir direto à prosa ficcional de Mario e à poesia de Drummond. A lógica nem sempre predomina sobre essas paragens. Pela lógica, nem se daria ao trabalho de escrever. Por si só bastariam os escritores que nada escrevem ou aqueles  que fingem escrever para um público inexistente. Queria que houvesse escritores de verdade e um público de verdade para cada escritor. Um público alheio a  tudo, especialmente ao conforto. Os moradores da Formiga, povoado de Anapurus, despojaram-se do conforto. A pequena Eva ia com seu pai a pé de Anapurus a Formiga. Eles andavam mais à noite. Uma longa caminhada de doze horas. Sem muita pressa. Sem muitos imprevistos. Durante a caminhada, ela via coisas sem pé e nem cabeça. Coisas que ela não saberia explicar o que eram. Nenhuma dúvida assaltava sua mente. “Seu livro é sobre o sertão...”, uma amiga comentou. “Todos os meus livros são sobre o sertão..”, ele respondeu.   
Mayron Régis

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