domingo, 15 de janeiro de 2017

O arroz e o queijo


Contar ou escrever uma historia, qualquer que seja, requer o momento propicio. Não dá para vaticinar o que é o momento propicio. Só se sabe depois de algumas horas. Se aquele era o tal momento propicio e a pessoa preferiu conversar sobre algum outro assunto, que não aquele que o momento pedia, tão cedo ele não se repetirá. É bem provável que tenha sido a carne de bode. Ou talvez o arroz. Eles se sentaram no final da tarde num restaurante próximo ao posto Pingão. Antônio Anisio falara de um mocotó e que seria uma boa experimenta-lo. Propusera havia algum tempo. Nesse dia, em vez de mocotó, eles pediram uma carne de bode. A dona do restaurante perguntou se queriam arroz como acompanhamento. Sim. A conversa se deslocou entre os hábitos alimentares do cidadão comum que prefere uma carne de gado a uma carne de bode ou de carneiro e leituras de livros. Por conta do arroz, Antonio Anisio trouxe a luz uma curta historia de um agricultor familiar de Cajari que vendeu arroz para os “gaúchos”. Os “gaúchos” compraram terras nesse município e plantaram arroz em grandes extensões. Ele se orgulhava de vender arroz para os agricultores de fora. Antonio explicou ao agricultor que o arroz dos “gaúchos” vinha carregado de produtos químicos e que, para não comerem arroz contaminado, compravam seu arroz orgânico. Em termos de escala produtiva, o arroz orgânico do agricultor de Cajari fica a léguas do arroz contaminado dos “gaúchos”, mas em termos de meio ambiente o arroz orgânico ganha com uma enorme diferença. Essa é uma curta (curta-metragem) história sobre uma experiência agroecológica não divulgada em um município diminuto do estado do Maranhão. Antonio recorreu a uma outra curta história para que a relação gado e agroecologia seja mais do que criticas. Santa Luzia do Paruá, pré-amazonia maranhense. Aonde comprar um bom queijo, ele indagava. Vá a casa do senhor João Teixeira. Este se assustou ao ver Antonio de cabelo e barba grandes. Quem és tu e o que queres? Eu me interessei pelo seu queijo e vim comprar cinco quilos. Conversa vai. Conversa vem. Suco de Graviola. Uma amostra de queijo. Antonio conta que trabalhou na Associação Agroecologica Tijupá durante anos.  Deus do céu, eu fui da turma de Marluze Pastor( agrônoma da Tijupá) e do seu João Fonseca (agricultor familiar de Balsas). Mande minhas recomendações aos dois. Desculpe seu João Teixeira, mas o João Fonseca morreu há um bom tempo. Antonio, me agradei de ti, venha vou te mostrar algumas coisas. Levou-o para sua propriedade onde criava um gado que lhe fornecia o leite do qual fabricava o queijo.  
Mayron Régis

Nenhum comentário:

Postar um comentário