quarta-feira, 19 de abril de 2017

Os tiros estrondavam no sertão!



Tiros se atiram e se ouvem no sertão! Constantemente se escuta tiros nas chapadas -, quase não se ver mais! Há muito tempo os sertanejos lutam por algo melhor em suas vidas... Para suas famílias - gente que durante séculos foi massacrada. Mas como lembrar disso? Se o sertão é o canto que ecoa nos infinitos caminhos – o sertão é o meio, o início e o fim de qualquer prosa.
Caçadores atiram para as matas, eles caçam para alimentar suas casas e seus criados, a “subsistência” – talvez não faz tanto mal assim como se pensa porque a cultura dos povos é mais forte do que qualquer empreendimento capitalista. Mas o sertão foi invadido e os tiros que rondavam suas terras não se ouve mais. O território foi marcado por ferro e fogo, o sangue ainda se espalha por lá. Muitos dias se foram, muitos sonhos também... grandes vitorias saíram das entranhas do coração e da vontade de viver! Mas viver com muita cautela, precisa-se “acreditar”, precisa-se escrever a própria história.
O sertão se esvaziava de seu povo que se foi, retiraram-se com medo da fome e dos fantasmas que lhes assombram... RETIRARAM-SE intoxicados pelo veneno! A terra foi tomada - “grilada” – por tempo indeterminado, a mesma terra dos ancestrais. Agora nem caça, nem peixes, nem roças! Acabaram tudo! Ainda resta a coragem de lutar. Science alertava no pé do ouvido em seu Monólogo, dizendo: “O homem coletivo sente a necessidade de lutar / O orgulho, a arrogância, a glória / Enche a imaginação de domínio”. Muitos cantos, estrofes e cartilhas contaram a história. A didática também foi contada, mas em alguns casos de maneira equivocada.
Como imaginar o sertão em seus velhos tempos de outrora; quando aos tiros disparados, anunciaram então uma nova era. Rendiam-se -, os tiros voavam os ares da liberdade e a fumaça do campo enchia os pensamentos de domínios. Eles rondavam o sertão em busca de direitos, atravessavam valas e grotiões pelo agreste. Rumavam para o leste. Para as outras bandas eles moravam, residiam ali longe de tudo e de todos, quando as estações mudavam de cor os campos abriam seus jardins de flores anunciando um novo tempo que nunca chegara.
Os caminhos do sertão eram os mesmos caminhos estreitos trilhados por rebeldes, eles eram insurretos e adentravam pelas matas – chapada afora. Quando se viaja pelo sertão se ouve muitas coisas, histórias e encantos. Os modos de vida mudaram... Ainda resta tempo para a luta e para os sonhos. O sertão parava ali, os ventos do leste ecoava junto às florestas que adormeceram e sem poder falar dormiam sem dizer nada; exceto, a angustia dentro de si. Ali se ouvia os tiros que estrondavam no sertão!

José Antonio Basto                                                                                                            
E-mail: bastosandero65@gmail.com


Nenhum comentário:

Postar um comentário