sábado, 1 de abril de 2017

Temuco


Não saberia dzer o porque. Talvez em razão de ler o livro “As Putas Assassinas” de Roberto  Bolano. Chegara ao aeroporto de Guarulhos por volta das dez horas da manhã. O seu voo para São Luis partiria as dez da noite. Durante sua estadia no Chile, lera algumas páginas de Bolano. O livro foi seu acompanhante pelos hotéis de Santiago, Conception e Temuco. O ritmo de leitura se mantivera indeciso entre ler duas páginas por dia ou não ler nada. As exigências da viagem (reuniões, seminários e etc) absorviam-no e os seus companheiros desde cedo do dia. E cedo do dia, dependendo do lugar no Chile, quer dizer gelidez e neblina. Para não esquecer de Roberto Bolano, no bolso inferior da sua bolsa, perguntara a Alejandra Tajra, pesquisadora de transgênicos, se o conhecia. Ela respondeu  que sim; só não tinha lido. A conversa se deu em um restaurante alternativo (cerveja artesanal, comida vegetariana, decoração vibrante) da cidade de Temuco após o seminário sobre árvores transgênicas.  Percebia que, em geral, os chilenos, para quem perguntara, não haviam lido Roberto Bolano. Em Guarulhos, pensaria sobre o assunto. A imagem de Temuco (seus dias gélidos, as monoculturas de eucalipto e de pinus e os mapuches) agarrara-se a sua mente como aquele trecho do livro de Roberto Bolano se agarrava naquele instante no aeroporto. Sem desviar do seu propósito original. 
Mayron Régis

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